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Economia
Postada em 27/12/2020 09:35 | Por Márcia Rodrigues / R7

Mínimo de R$ 1.088 amplia diferença entre piso real e o ideal

Para Dieese, piso nacional deveria ser de R$ 5.289,53 para permitir às famílias acesso a alimentação, educação, moradia e mais
Salário mínimo ideal para não comprometer o orçamento do trabalhador seria de R$ 5.289,53 - Foto: BRENO SANTOS /FOTOARENA/FOLHAPRESS

O salário mínimo de R$ 1.087,84 para 2021, anunciado pelo governo federal, ampliará a diferença do piso real – que está em vigência atualmente – do necessário, segundo o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).

O novo piso consta na LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias), enviada ao Congresso Nacional no dia 15 de dezembro, e prevê alta de R$ 42,84 (4,02%) sobre o atual valor de R$ 1.045. Apesar de a correção anual, o valor ainda é bem inferior ao necessário para a maioria da população se manter.

Levantamento feito pelo Dieese aponta que para sustentar uma família de quatro pessoas seria necessário um salário mínimo de R$ 5.289,53.

Para chegar ao piso salarial ideal, o Dieese considera a cesta básica mais cara de 17 capitais e as necessidades básicas do trabalhador e de sua família, conforma estabelece a Constituição Federal:

• Alimentação;
• Educação;
• Higiene;
• Lazer;
• Moradia;
• Previdência Social;
• Saúde;
• Transporte; e
• Vestuário;

Desde o ano passado, o piso nacional passou a ser corrigido apenas pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), a fim de preservação do poder de compra do mínimo. A decisão, no entanto, não traz ganho real à remuneração dos profissionais.

Para Augusto Junior, a camada mais pobre da sociedade que com um salário mínimo vem sendo profundamente impactada com a alta da inflação nos alimentos.

O economista André Braz, coordenador do IPC do FGV IBRE, lembra que o percentual considerado para reajustar o salário mínimo é a correção da inflação passada.

Ou seja, é exatamente o que a inflação corroeu dos salários que volta para manter o poder aquisitivo.

Braz afirma que os desafios no orçamento das famílias devem ser mantidos em 2021 por causa da inflação dos alimentos, que deve continuar alta.

Braz reforça que a retomada econômica no ano que vem deve ser lenta e que a geração de empregos não será imediata, mantendo as dificuldades das famílias.

A previsão pessimista tem um forte motivo: o elevado déficit público.

“Nós sabemos que o governo está com as contas no vermelho e que nossa dívida chega ao tamanho do PIB [Produto Interno Bruto]. Precisamos reduzir o débito público para o Estado retomar a sua capacidade de consumo e investimento. E, junto com a iniciativa privada, gerar o aquecimento no mercado de trabalho.”

“O aumento de preço pode ser menor, mas ainda haverá uma elevação e afetará muito as famílias que ganham o salário mínimo e, principalmente aquelas que perderam o emprego durante a pandemia do novo coronavírus.”, diz o economista.

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