Dólar hoje 5,410
19° C em Arapiraca, AL Tempo limpo
Alagoas
Postada em 18/10/2025 22:35 | Por Todo Segundo

Ministério Público de Alagoas entre os 10 que mais pagaram acima do teto

Todos os membros receberam supersalários em 2024, aponta Transparência Brasil
MP de Alagoas está entre os dez que pagaram supersalários acima do teto constitucional - Foto: Divulgação

O Ministério Público de Alagoas figura entre as dez unidades estaduais do país que mais pagaram salários acima do teto constitucional em 2024, segundo levantamento da Transparência Brasil divulgado nesta semana. O estudo mostra que o órgão alagoano está entre os que pagaram vencimentos superiores ao limite estabelecido pela Constituição Federal a todos os seus membros, revelando uma distorção que se repete em diversos estados.

Ao todo, 98% dos 11,7 mil integrantes do Ministério Público, em 25 estados e no Distrito Federal, receberam remunerações acima do teto no ano passado. Em dez unidades do Ministério Público estadual — entre elas Alagoas, Mato Grosso, Goiás, Amazonas, Ceará, Maranhão, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Rondônia e Acre — todos os membros ultrapassaram o teto salarial. O dado chama atenção pelo volume de recursos envolvidos e pela discrepância em relação ao que prevê a legislação brasileira.

Pelos cálculos da Transparência Brasil, os integrantes do MP receberam, ao todo, pelo menos R$ 2,3 bilhões acima do teto constitucional no ano passado. Do total, 77% dos promotores e procuradores superaram o limite em mais de R$ 100 mil.

O teto constitucional é fixado com base no subsídio dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) — R$ 46.366,19 em fevereiro de 2025 — e representa o valor máximo permitido para a remuneração de servidores públicos, incluindo salários e gratificações. O levantamento exclui verbas indenizatórias, como auxílio-alimentação e transporte.

Para a Transparência Brasil, os números escancaram um problema estrutural de gestão e transparência no sistema de Justiça.

“A predominância de pagamentos acima do teto constitucional aos membros do Judiciário e do Ministério Público é uma afronta à moralidade e à racionalidade no uso de recursos públicos”, destacou a organização.
“Esses recursos têm sido reiteradamente capturados para o enriquecimento de uma elite de servidores, em detrimento de investimentos que poderiam ampliar a eficiência e o acesso à Justiça”, completou a nota.

A entidade ainda revelou que os chamados “penduricalhos” — gratificações e benefícios de acúmulo de serviço, como licença-compensatória, exercício cumulativo e cumulação de acervo — somaram R$ 687,4 milhões em 2024. Outros R$ 1,4 bilhão pagos aos membros do MP não puderam ser identificados devido à falta de clareza na descrição das rubricas salariais. Esse valor representa 31% de todos os pagamentos adicionais ao salário base.

O levantamento também mostra que apenas o Ministério Público Militar ficou dentro dos limites constitucionais. Já o Rio de Janeiro liderou o ranking de supersalários, com remuneração média de R$ 76,2 mil por mês.

A Transparência Brasil criticou a opacidade das folhas de pagamento e pediu a criação de um marco legal efetivo para combater os supersalários no sistema de Justiça. A entidade alertou ainda que o Projeto de Lei 2.721/21, aprovado na Câmara e em tramitação no Senado, “agrava os privilégios em vez de combatê-los”.

Comentários

Utilize o formulário abaixo para comentar.

Ainda restam caracteres a serem digitados.
*Marque Não sou um robô para enviar.
Compartilhe nas redes sociais:

Utilize o formulário abaixo para enviar ao amigo.


Instagram