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Saúde
Postada em 07/06/2025 10:26 | Atualizada em 07/06/2025 10:51 | Por Todo Segundo

Bebês Reborn: brinquedos hiper-realistas entre a terapia e a polêmica

Analista do comportamento aponta os cuidados para o uso equilibrado dos bonecos em terapias
Analista do comportamento Valdenice Guimarães explica os usos terapêuticos e os riscos dos bebês reborn

Eles são incríveis de tão reais: os chamados “bebês reborn” são bonecos feitos artesanalmente, que imitam com perfeição os traços, a textura da pele e até as expressões faciais de recém-nascidos. Muito mais que brinquedos infantis, esses bonecos vêm conquistando um nicho crescente no mercado e despertando intensos debates no campo da psicologia.

Para compreender esse fenômeno que mistura arte, terapia e controvérsia, o Portal Todo Segundo conversou com a analista do comportamento Valdenice Guimarães. Especialista em intervenções psicológicas, ela compartilhou suas percepções sobre os usos dos bebês reborn, seus potenciais benefícios e os riscos de um apego emocional excessivo.

O que são bebês reborn?

“São bonecos muito realistas, feitos com técnica minuciosa para imitar desde a textura da pele até o cabelo e as expressões faciais de um bebê de verdade”, explica Valdenice. A confecção desses bonecos envolve profissionais dedicados a reproduzir cada detalhe com extremo cuidado, transformando o simples brinquedo em um objeto de valor artístico e emocional.

Dos jogos infantis à prática terapêutica

No universo da psicologia infantil, os bebês reborn aparecem como um recurso lúdico poderoso. “A ludicidade é essencial para o desenvolvimento infantil, pois permite que a criança aprenda de forma divertida,” destaca a especialista. Brincar com bonecos ajuda no desenvolvimento do raciocínio lógico, habilidades motoras, cognitivas, sociais e emocionais.

“Na terapia, a boneca realista estimula a imaginação e o brincar simbólico, fundamentais para trabalhar temas como autonomia, responsabilidade e sociabilidade”, complementa Valdenice.

Bebês reborn como suporte para o luto, depressão e infertilidade

Em situações delicadas como o luto perinatal — perda de um bebê durante a gestação ou logo após o nascimento — o bebê reborn pode ser usado como ferramenta para ajudar a mãe a lidar com a dor da perda. “Mas o uso precisa ser muito bem planejado, pois pode não ser eficaz e até agravar o sofrimento, dependendo do contexto e histórico da mãe”, alerta a analista.

Para mães que enfrentam depressão pós-parto, o reborn pode servir como um “treino” para o cuidado com o bebê real, auxiliando a superar a paralisia emocional comum nesse quadro.

Já o uso entre idosos é mais raro e deve ser adotado com cautela, especialmente em casos de solidão extrema ou negligência, onde o boneco pode proporcionar algum conforto emocional temporário.

No caso de casais que enfrentam a infertilidade, o uso do reborn deve ser cuidadosamente monitorado. “Pode agravar problemas psicológicos, como ansiedade e desamparo, se o casal substituir as interações humanas pelo boneco,” explica Valdenice.

Limites entre terapia e dependência emocional

Apesar das possibilidades terapêuticas, a especialista chama atenção para o risco do apego emocional exagerado. “O apego pode gerar dependência, dificultando a aceitação da realidade e da perda,” diz. Casos em que adultos tratam o boneco como se fosse uma criança real são preocupantes, podendo levar ao isolamento social e a transtornos mentais.

“Nas crianças, o uso é mais saudável, especialmente se mediado por um terapeuta. Já nos adultos, o risco é maior de o boneco substituir interações sociais reais”, ressalta.

Fantasia ou fuga da realidade?

Muitos críticos apontam que os bebês reborn reforçam fantasias e negações da realidade. Valdenice concorda: “A vida real é cheia de incertezas e sofrimentos, e a fuga para a fantasia pode ser perigosa.”

Ela observa que “algumas mulheres acabam trocando um filho real por um boneco, alimentando um amor histérico e irracional,” o que pode representar uma forma de fuga da realidade difícil de tratar.

O impacto da cultura do consumo

A popularização dos bebês reborn também é impulsionada pela mídia e pela cultura de consumo. “A internet e a mídia exageram situações pontuais, transformando exceções em regra para vender mais, influenciando pessoas vulneráveis,” critica Valdenice.

Embora o reborn também seja usado de forma saudável, como decoração e colecionismo, esses aspectos raramente ganham destaque nas reportagens sensacionalistas.

Uso responsável e o papel da psicologia

Valdenice reforça que o bebê reborn pode trazer alegria e satisfação, desde que usado com equilíbrio e orientação profissional. “O psicólogo deve planejar cuidadosamente o uso, explicando que se trata de um brinquedo e observando as reações,” orienta.

Ela conclui com um alerta e um convite à reflexão: “É urgente repensar que sociedade queremos. É preciso tratar o ser humano como humano.”

Quem é Valdenice Guimarães?

Valdenice Guimarães é psicóloga comportamental formada pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL) e historiadora pela Universidade Estadual de Alagoas (UNEAL). Possui pós-graduação em Teorias e Técnicas Comportamentais: Educação, Pesquisa e Teoria pelo CESMAC. Atua como consultora na área de Análise do Comportamento.

Seu consultório fica no empresarial Sônia Maria, na Avenida Deputada Ceci Cunha, em Arapiraca, Agreste de Alagoas. Para entrar em contato com Valdenice Guimarães, você pode utilizar os seguintes canais:

• Telefone: (82) 99931-5485

• E-mail: valdenice.pos@hotmail.com

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