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Política
Postada em 05/08/2025 17:20 | Por Todo Segundo

O fim de uma era: quem era Marcelo Lima, ex-prefeito de Quebrangulo

Tragédia no Rio Paraíba interrompe trajetória de um dos políticos mais respeitados de Alagoas
Quem era Marcelo Lima, ex-prefeito de Quebrangulo que faleceu após se afogar em rio - Foto: Reprodução

Morreu na tarde desta terça-feira (5), aos 65 anos, o ex-prefeito de Quebrangulo, Marcelo Lima (MDB), vítima de um acidente com caiaque no Rio Paraíba, dentro do perímetro urbano da cidade. O falecimento inesperado de um dos maiores líderes populares do interior de Alagoas causou comoção profunda na população quebrangulense e em todo o cenário político estadual.

Com uma trajetória iniciada nos anos 1980, Marcelo Lima ocupou todos os principais cargos da política municipal: vereador, vice-prefeito e prefeito. Construiu uma carreira sólida, marcada por vitórias eleitorais esmagadoras e por políticas públicas voltadas às classes populares. Foi prefeito por seis mandatos — um feito inédito em Alagoas — e permaneceu no centro das decisões políticas do município por mais de três décadas.

Início da trajetória

Marcelo Lima iniciou sua vida pública na década de 1980 como vice-prefeito de Quebrangulo. Vindo de uma família de origem humilde, construiu sua imagem como um político próximo da população rural e dos trabalhadores. Em 1992, foi eleito pela primeira vez como prefeito, dando início a uma história de protagonismo que atravessaria gerações.

Ao longo da vida política, foi prefeito por seis vezes, com ampla vantagem em todas as disputas. Na última, em 2020, obteve 79,12% dos votos válidos, somando 5.065 votos — um número expressivo que refletia o tamanho de sua aprovação e influência.

Marcelo Lima será lembrado não apenas pelo tempo que permaneceu no poder, mas pela forma como governou. Sua gestão foi marcada por ações voltadas à redução da desigualdade social, reforma agrária, habitação popular, fortalecimento da agricultura familiar e infraestrutura nas comunidades rurais.

Entre os principais marcos de sua atuação destacam-se:

• A desapropriação da Fazenda Manivas Romualdo, transformada em área de assentamento para trabalhadores rurais;

• A criação do conjunto habitacional “Mutirão”, que construiu mais de mil casas populares para famílias em situação de vulnerabilidade;

• Investimentos em estradas vicinais, postos de saúde, educação no campo e apoio direto a pequenos produtores.

Durante sua liderança, também enfrentou momentos de crise com firmeza e presença: as enchentes de 2010, que devastaram parte do município, e a pandemia da Covid-19, em 2020, que exigiu ação rápida para proteger a população. Em ambas as situações, Marcelo se destacou por uma gestão ativa e próxima da população.
Família e influência além do mandato

Marcelo Lima era casado com Andréia Lima, com quem teve filhos, entre eles Davi Maia, que seguiu os passos do pai na política e exerceu mandato como deputado estadual por Maceió, encerrado em 2023. Mesmo após deixar a prefeitura em 2024, Marcelo seguia ativo nos bastidores, como articulador, conselheiro e referência de equilíbrio político.

Seu nome seguia respeitado entre aliados e adversários, sendo frequentemente lembrado como figura central em momentos estratégicos da política local. Tinha trânsito entre lideranças históricas do interior alagoano e seguia como símbolo de estabilidade e lealdade ao povo de Quebrangulo.

A tragédia no Rio Paraíba

Segundo informações, o ex-prefeito retornava de sua fazenda, localizada no Sítio Bonito, acompanhado do chefe da propriedade, identificado como Fabrício. Os dois navegavam de caiaque por um trecho aparentemente tranquilo do Rio Paraíba, na área urbana do município, quando a embarcação colidiu com uma pedra.

Marcelo foi lançado na água e, apesar dos esforços de Fabrício para salvá-lo, acabou se afogando. Ele foi retirado do rio com vida, socorrido por uma ambulância do município e levado para o hospital local, mas não resistiu. O óbito foi confirmado poucos minutos após a entrada na unidade de saúde.

A área do acidente é conhecida e frequentada por moradores da cidade, o que torna a tragédia ainda mais impactante pela casualidade e brutalidade do ocorrido.

O fim de uma era

A morte de Marcelo Lima representa o encerramento de um ciclo político histórico. Poucos nomes na política alagoana acumularam tanto capital eleitoral, legitimidade e legado social quanto ele. Seus seis mandatos, suas obras, sua relação direta com o povo e sua longevidade no poder o tornaram símbolo de uma era da política do interior, marcada pela presença firme de lideranças carismáticas e enraizadas na vida comunitária.

Marcelo Lima deixa o exemplo de uma vida dedicada ao serviço público. Um líder que governou com o olhar voltado para os humildes, que enfrentou as crises de frente, e que soube fazer da política uma ferramenta de transformação social. Seu nome permanecerá na memória coletiva de Quebrangulo como sinônimo de liderança, trabalho e lealdade ao povo.

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