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Alagoas
Postada em 27/05/2025 23:46 | Por Todo Segundo

Marluce Caldas ganha força para o STJ, mas nomeação depende de gesto de JHC

Decisão sobre a procuradora de Alagoas passa por gesto de JHC, cotado para trocar o PL pelo PSB
Marluce Caldas ganha força para o STJ, mas nomeação depende de gesto político de JHC - Foto: Reprodução

A procuradora de Justiça do Ministério Público de Alagoas, Marluce Caldas, está prestes a alcançar um dos postos mais prestigiados do Judiciário brasileiro: uma cadeira no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Fontes em Brasília dão como quase certa sua escolha pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com a nomeação podendo ser oficializada ainda neste mês de maio. No entanto, um último obstáculo impede o anúncio: a vinculação política de seu sobrinho, o prefeito de Maceió, João Henrique Caldas, o JHC, ao PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Marluce figura na lista tríplice formada pelo STJ para a vaga deixada com a aposentadoria da ministra Laurita Vaz. Ao lado dela estão os procuradores Carlos Frederico Santos, do Ministério Público Federal, e Sammy Barbosa Lopes, do MP do Acre.

Com amplo respaldo institucional — incluindo apoio do Ministério Público de Alagoas, da OAB local e de lideranças políticas de diferentes espectros —, a procuradora é vista como favorita tecnicamente. Mas, no Planalto, pesa a dúvida sobre o custo político de indicar a tia de um dos principais quadros bolsonaristas do Nordeste.

Política no centro do tabuleiro

Segundo interlocutores próximos ao presidente, Lula ainda espera um gesto público de reaproximação por parte de JHC. E esse movimento pode acontecer na sexta-feira (30), durante o congresso nacional do PSB, em Brasília. A expectativa é que o prefeito de Maceió anuncie sua saída do PL e filiação ao PSB, legenda da base de Lula.

A articulação tem o apoio do prefeito do Recife, João Campos, um dos principais nomes da nova geração do PSB e defensor da união entre partidos de centro-esquerda no Nordeste.

Caso a mudança se concretize, Lula teria o aval político necessário para nomear Marluce sem alimentar críticas internas de favorecer, ainda que indiretamente, o campo bolsonarista. O gesto, ao mesmo tempo, abriria espaço para uma aproximação estratégica com JHC de olho nas eleições de 2026.

Alagoas em rara convergência

Apesar do impasse em Brasília, a possível indicação de Marluce Caldas tem conseguido unir figuras antagônicas da política alagoana. O senador Renan Calheiros (MDB), tradicional aliado de Lula, e o deputado federal Paulão (PT) têm se empenhado nos bastidores em defesa do nome da procuradora. Essa união improvável reflete não só o prestígio de Marluce, mas também o peso simbólico que uma indicação alagoana teria no cenário nacional.

Além do fator regional, a nomeação da procuradora reforçaria a presença feminina no STJ e daria visibilidade a quadros do Ministério Público estadual, tradicionalmente menos contemplados em nomeações para cortes superiores.

Contagem regressiva

Com a primeira das duas vagas abertas em 2024 já preenchida — o escolhido foi o desembargador Carlos Augusto Pires Brandão, do TRF-1 —, Lula tem pouco tempo para definir o segundo nome. O contexto ganhou ainda mais urgência diante do fator etário da juíza Marisa Ferreira dos Santos, inicialmente cotada, mas que se aposenta compulsoriamente em junho, ao completar 70 anos.

Com os critérios técnicos já superados, o que resta agora é a equação política. Se JHC romper com o PL e selar sua adesão ao campo lulista, Marluce Caldas poderá ser nomeada como gesto de aproximação e sinal de pacificação entre os dois campos políticos. Até lá, seu nome segue em suspenso — entre o mérito reconhecido e os cálculos eleitorais de 2026.

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