Encerrada a 10ª semana epidemiológica (SE) de 2021, os indicadores utilizados na avaliação da pandemia da COVID-19 em Alagoas continuam apontando para o descontrole da transmissão do novo Coronavírus no estado, que tem se refletido no aumento da incidência de casos e suspeitos, além do incremento na ocupação hospitalar.

Segundo levantamento do Observatório Alagoano de Políticas Públicas para o Enfrentamento da Covid-19, Alagoas registrou um aumento de 21% no número de novos casos e 30% no de óbitos, quando comparadas as notificações das duas últimas semanas. Em relação aos casos, esse aumento foi observado em diversas regiões, incluindo Maceió que registrou um aumento de 733 casos.

Neste cenário, Arapiraca, Maceió e a 10ª Região Sanitária (RS) foram às localidades que apresentaram as maiores incidências de casos em relação às suas populações na 10ª SE, iguais a 259, 224 e 70 casos para cada 100 mil habitantes, respectivamente. Com relação aos óbitos, o estado voltou a superar a marca semanal de 100 mortes, o que não acontecia desde o início de agosto de 2020.

Acompanhando a alta dos indicadores, o número de casos suspeitos continua subindo, tendo 15.101 notificações no último dia 14/03. Considerando que a proximidade do período de circulação de outros vírus respiratórios na região Nordeste, como a influenza, poderia explicar esse aumento súbito de casos suspeitos, bem como um possível aumento na incidência de dengue, a alta proporção dos resultados positivos nos exames realizados pelo Lacen evidencia que a incidência de casos de Covid-19 poderia ser bem maior do que a apontada nos boletins oficiais.

À título de ilustração, levando em conta que 51% dos exames realizados pelo Lacen na última semana tiveram resultado positivo, teríamos um incremento de aproximadamente 7.500 casos entre os casos confirmados. Com relação à ocupação hospitalar, o último boletim publicado pela Sesau em 14/03 apontou um aumento de 27 leitos na ocupação dos leitos de UTI em relação ao início da semana anterior, fazendo com que 271 dos 326 leitos estivessem ocupados, o que resulta em uma taxa de ocupação de 83%.

Em outras palavras, existe espaço em UTI para apenas 55 pessoas em todo o estado de Alagoas. Dessa forma, os gráficos da figura 2 mostram que o aumento na oferta de leitos não está sendo suficiente para conter a taxa de ocupação abaixo do nível recomendado pelo Comitê Científico do Consórcio Nordeste para adoção de medidas mais rígidas para o controle da transmissão.

Considerando que não há evidências de controle da transmissão do novo Coronavírus e que a ocupação da rede hospitalar continua aumentando, entendemos que novas medidas de ampliação do distanciamento social devem ser planejadas e implementadas pelo poder público, a fim de evitar o aumento de casos que implicará no aumento da pressão do sistema de saúde, que poderá acarretar seu colapso, situação registrada em várias regiões brasileiras que já registram óbitos “evitáveis”, devido à falta de atendimento e suprimento.

No atual contexto, em que há expectativa de aceleração do processo de vacinação nas próximas semanas, é fundamental que cada indivíduo entenda e cumpra seu papel. Essa consciência, somada ao auxílio a pessoas que vivem em condições de vulnerabilidade e o apoio à micro e pequenas empresas, contribuirão com a efetivação de novas estratégias que ampliem o distanciamento social, fundamental para a redução da transmissão nesse momento.

Quanto mais efetivas forem essas ações maiores serão as chances de reduzirmos a transmissão em um menor intervalo de tempo, o que, além de evitar mais mortes, possibilitará a retomada de diversas atividades que hoje se encontram paralizadas.