A Polícia Civil prendeu, na noite dessa quinta-feira (23), uma dentista suspeita de aplicar silicone industrial em pacientes durante procedimentos de harmonização corporal. A prisão ocorreu no município de Arapiraca, no Agreste de Alagoas e foi resultado de uma investigação que teve início após denúncias de pacientes e fiscalização do Conselho Regional de Odontologia de Alagoas (CRO-AL).

A profissional, que não teve o nome divulgado pelas autoridades, já havia sido suspensa pelo CRO-AL no início deste mês por exercer atividades fora do escopo da Odontologia e sem autorização legal. Mesmo assim, ela continuou oferecendo os procedimentos de forma clandestina.

De acordo com o Conselho, pelo menos duas mulheres foram internadas com necrose nos glúteos após as aplicações e precisaram passar por cirurgias reparadoras. Uma das vítimas, Alexandra Gomes, relatou que conheceu os serviços da dentista pelas redes sociais e decidiu realizar o procedimento no fim de agosto, em Murici, onde ambas residem.

“Dez dias depois começaram as dores. Quando avisei que iria procurar o hospital, ela confessou que usou silicone no lugar do PMMA. Disse que era o mesmo resultado. Na verdade, era silicone de limpar carro”, contou Alexandra, revoltada com a situação.

O CRO-AL informou que o uso de silicone industrial em qualquer tipo de procedimento estético é proibido e altamente perigoso, podendo causar reações graves, infecções, necroses e até levar à morte. O material é destinado à limpeza e manutenção mecânica, não tendo qualquer indicação médica ou estética.

A prisão da dentista foi efetuada por agentes da Delegacia Regional de Arapiraca, e o delegado Edberg Oliveira deve conceder entrevista coletiva no final da manhã desta sexta-feira (24) para detalhar as circunstâncias da investigação e os próximos passos do inquérito.

A Polícia Civil segue colhendo depoimentos de outras possíveis vítimas e reforça o alerta para que pessoas lesadas procurem a delegacia mais próxima ou denunciem de forma anônima por meio do Disque Denúncia 181.