08/07/2025 09:21:04
Política
Lula bate o martelo e escolhe Marluce Caldas, tia de JHC, para o STJ
Indicação tem peso político e pode selar aliança entre prefeito de Maceió e o Planalto para 2026
ReproduçãoProcuradora de Justiça Maria Marluce Caldas Bezerra, irá ocupar uma vaga no STJ
Todo Segundo

Após meses de indefinição, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, bateu o martelo e escolheu a procuradora Marluce Caldas para ocupar uma vaga no Superior Tribunal de Justiça (STJ). O gesto, aparentemente técnico, tem peso político direto em Alagoas: Marluce é tia do prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (PL), o JHC, nome central nas articulações para as eleições de 2026 no estado.

A nomeação, que deve ser oficializada nos próximos dias, ocorre após quase nove meses de espera e coloca fim à expectativa sobre a escolha de Lula a partir da lista tríplice do Ministério Público — que também incluía os nomes de Carlos Frederico Santos e Sammy Lopes. A primeira vaga do STJ havia sido preenchida ainda em maio, com a indicação do desembargador piauiense Carlos Brandão, representante da magistratura.

Nos bastidores da política alagoana, a indicação de Marluce é interpretada como um gesto direto de aproximação entre Lula e JHC, que hoje está filiado ao PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro. Fontes próximas ao prefeito confirmam que ele estuda não apenas uma mudança de postura, mas também de sigla — o que pode significar um realinhamento com o campo lulista em 2026.

O movimento reforça a leitura de que o Planalto trabalha para isolar o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), no tabuleiro da política estadual. Lira, que ainda exerce forte influência em Brasília, vinha tentando ganhar tempo para negociar seu futuro político em Alagoas. Ele planeja disputar o Senado, mas pode ter seus planos frustrados caso JHC entre na corrida com apoio de Lula — e, principalmente, em uma chapa com o senador Renan Calheiros (MDB), seu maior adversário local.

Chapa dos sonhos e pesadelo de Lira

A eventual aliança entre JHC e Renan Calheiros, intermediada por interesses comuns com o Planalto, desenha o que aliados de Lira já chamam de “a chapa dos sonhos” para o campo governista — e um verdadeiro pesadelo para o ex-presidente da Câmara. Em público, Lira ainda evita comentários, mas internamente sua equipe já monitora a movimentação com preocupação.

A hipótese de uma chapa majoritária unindo o MDB de Renan, o grupo de JHC e o apoio de Lula fortalece a narrativa de que 2026 será uma eleição de recomposição de forças em Alagoas — com o campo bolsonarista em retração e o lulismo buscando protagonismo via articulações locais.

O impacto da escolha de Marluce Caldas extrapola o ambiente jurídico e consolida uma rede de influência que se ramifica até o coração do Palácio República dos Palmares. Embora discreta, a procuradora é reconhecida nos meios jurídicos por sua atuação técnica e respeitada no Ministério Público. Sua proximidade familiar com JHC, no entanto, dá à indicação um claro contorno político.

Mais que premiar um nome técnico, Lula envia um recado: está disposto a abrir espaço para aliados estratégicos — mesmo que, para isso, tenha que costurar pontes com antigos adversários do campo bolsonarista, como é o caso de JHC.

Cenário em aberto

Com a nomeação de Marluce, o xadrez político em Alagoas entra em nova fase. A possível filiação de JHC a um partido da base de Lula — como o PSB ou o PSD, por exemplo — é vista como altamente provável. O prefeito, até então cotado para a reeleição, passa a ser um dos nomes centrais também na disputa pelo Senado. E, dependendo das articulações, até para o governo do estado.

Enquanto isso, Arthur Lira corre contra o tempo para manter sua influência no estado. Sem o apoio do Planalto, e com a perda de controle sobre os rumos da eleição majoritária, o caminho do presidente da Câmara pode se tornar mais estreito nos próximos meses.

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