17/09/2025 09:46:34
Política
Imposto de Renda vira munição na guerra política entre Renan e Lira
Disputa pela paternidade da isenção do Imposto de Renda expõe briga antiga entre caciques de Alagoas
ReproduçãoRenan e Lira levam disputa de Alagoas para Brasília em embate pela isenção do IR
Todo Segundo

Renan Calheiros (MDB-AL) escolheu começar a semana de aniversário, em que completou 70 anos, cutucando seu maior rival político: Arthur Lira (União Progressista-AL), 56 anos. O palco da vez não foi Alagoas, mas Brasília — e o enredo envolve um dos projetos mais estratégicos para o governo Lula e para o Congresso em 2026: a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais.

O deputado Lira foi agraciado pelo governo com a relatoria da proposta na Câmara, em março, como espécie de “prêmio político”. O texto representaria um trunfo eleitoral: aliviar o bolso de nove em cada dez brasileiros. Mas, quatro meses depois, o projeto avança a passos lentos. Só em julho foi aprovado numa comissão especial e ainda não chegou ao plenário.

Renan aproveitou a demora para marcar território. Na segunda-feira (16), usou a presidência da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado para pautar um projeto semelhante, de autoria do senador Eduardo Braga (MDB), parado há seis anos. “Há uma lentidão inegável na Câmara”, cutucou, defendendo a “urgência” da medida.

Agora, dois textos que tratam do mesmo tema tramitam simultaneamente no Congresso — um na Câmara, com Lira, e outro no Senado, sob o comando de Renan. A manobra é rara e revela a velha tática dos adversários alagoanos: não deixar o outro brilhar sozinho.

Ambas as propostas convergem em pontos centrais: compensar a perda de arrecadação aumentando a taxação sobre os mais ricos. O texto do Senado é mais incisivo, ao prever tributação sobre dividendos.

Para além do embate técnico, o episódio traduz a briga de décadas entre Renan e Lira pelo controle político de Alagoas — uma disputa que hoje ecoa em nível nacional. Enquanto Lira tenta manter o protagonismo na Câmara, Renan se vale da experiência e da presidência da CAE para marcar posição e reforçar sua influência no governo.

No fundo, a cena é conhecida em Alagoas: dois caciques que não se permitem dividir o palco. O duelo pela paternidade da isenção do Imposto de Renda pode até decidir quem terá mais poder de barganha em 2026 — tanto em Brasília quanto em Alagoas.

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