
O silêncio de Albino Santos de Lima, conhecido como o serial killer de Maceió, marcou mais uma vez o plenário do Fórum do Barro Duro, nesta sexta-feira (31). Diante do júri popular, o homem acusado de espalhar terror pelas ruas da capital foi condenado a mais 27 anos, 1 mês e 10 dias de prisão pela morte de Tâmara Vanessa da Silva, de 21 anos, e pela tentativa de homicídio de Leidjane, mãe de santo, e José Gustavo, marido da vítima.
O crime aconteceu em junho de 2024, no bairro do Vergel do Lago, e chocou pela brutalidade: Tâmara foi atingida por quatro disparos, Leidjane levou um tiro na cabeça e José Gustavo foi alvejado três vezes — todos surpreendidos em plena rua, sem qualquer chance de defesa.
Com a nova sentença, Albino soma agora 127 anos, 3 meses e 5 dias de prisão, resultado de cinco condenações consecutivas por assassinatos e tentativas de homicídio. A polícia acredita que ele esteja por trás de pelo menos 18 mortes, cometidas entre 2022 e 2024, em diferentes bairros de Maceió.
Durante o julgamento, presidido pelo juiz Yulli Roter, Albino admitiu o ataque, mas preferiu se calar diante das perguntas. “Tenho ciência do que estou sendo julgado. Confesso o acontecido, mas quero permanecer em silêncio”, limitou-se a dizer o réu.
O promotor de Justiça Antônio Villas Boas, responsável pela acusação, classificou Albino como “um homem sem empatia, frio e calculista”. “Ele tem plena consciência do que faz. No primeiro julgamento tentou dizer que ouvia vozes do Arcanjo Miguel. Hoje tenta a mesma desculpa. Mas nós mostramos quem ele realmente é — alguém que escolhia vítimas inocentes e as executava com crueldade”, afirmou o promotor durante sua sustentação oral.
Os sobreviventes do atentado reviveram o terror daquela tarde chuvosa no Vergel.
José Gustavo relatou que, junto com Tâmara e Leidjane, seguia para a casa da mãe de santo para ajudar nos preparativos de um evento religioso. Quando decidiram parar por causa da chuva, foram surpreendidos pelos disparos.
Mesmo ferido, Gustavo conseguiu correr até o terreiro e pedir ajuda. Moradores socorreram as vítimas até a chegada do resgate.
Leidjane, que ficou nove dias internada, contou que perdeu parte da memória e da visão temporariamente. Ainda sem entender o motivo do ataque, ela reforçou que nenhum dos três tinha envolvimento com o crime ou com drogas, derrubando mais uma das falsas justificativas usadas por Albino.
“Até hoje não sei por que ele fez isso. Só lembro dos tiros e da dor”, disse, emocionada.
Histórico de terror
Antes desta nova condenação, Albino já havia recebido penas severas:
Mesmo preso, ele continua a responder por outros crimes, e deve voltar ao tribunal ainda neste mês, em mais um julgamento por homicídio.
Conhecido pela frieza e pelo padrão de execução das vítimas, Albino se tornou o símbolo do horror urbano em Maceió, um criminoso que dizia agir “em nome da justiça” enquanto espalhava medo. Para o Ministério Público, porém, não há delírio ou justificativa religiosa que o absolva.
“Albino não é um justiceiro, é um assassino em série. E a Justiça de Alagoas tem mostrado que ele vai pagar por cada uma de suas vítimas”, concluiu o promotor.

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