AssessoriaNamorada do Capitão Rodrigues diz que não sabia se era a polícia Todo SegundoDa Assessoria - TJ/ALA 9ª Vara Criminal da Capital dá continuidade, nesta sexta-feira (10), à audiência de instrução do processo em que se apura a morte do capitão da Polícia Militar de Alagoas Rodrigo Moreira Rodrigues, ocorrida em abril de 2016. O juiz Geraldo Cavalcante Amorim, titular da unidade, conduz a sessão no Fórum da Justiça Estadual no Barro Duro.
Karollyne Monteiro de Almeida, namorada do réu, Agnaldo Lopes de Vasconcelos, foi ouvida pela manhã. Ela afirmou que os policiais não se identificaram corretamente quando chegaram, na noite de 9 de abril de 2016, um sábado. “A todo momento a gente tinha dúvida se realmente se tratava de polícia, porque quando [a polícia] chegou à casa, se identificou como sendo segurança do condomínio por diversas vezes”.
Karollyne disse ainda que os policiais não foram agressivos inicialmente, quando estavam se identificando como seguranças do condomínio. Mas na sequência gritaram: “Abra a porta filho da p*ta, é a polícia”. Na ocasião, a PM rastreava um celular roubado, que não estava na casa, mas acabou sendo encontrado nas redondezas.
O advogado de defesa Joanísio Pita de Omena Júnior sustenta que o réu agiu em legítima defesa. “A partir do momento que se comprovou que o celular roubado não se encontrava na residência do Agnaldo, existia uma operação ilegal da Polícia. A casa é asilo inviolável do cidadão. Era um sábado, 10 horas da noite. A partir do momento que o cidadão vai pular o muro, há uma invasão de domicílio”.
A testemunha Fernando Antônio Mangueira Gomes, vizinho de frente de do réu, afirmou que não viu a chegada dos policiais à casa de Agnaldo porque estava dormindo e só acordou com os tiros. Ele disse que não consegue ver a rua a partir de sua casa e apenas ouviu o que aconteceu na sequência. “Ouvi o grito do rapaz pedindo socorro porque tinha um policial ferido”.
AcareaçãoO advogado Welton Roberto, assistente de acusação, afirma que “as provas são inequívocas de que o réu atirou sabendo ser um policial”. “Ele sabia, quando o policial subiu o muro, que ele estava fardado, tanto é que o próprio vizinho disse que era fácil reconhecer”.
A acusação requereu que seja realizada uma acareação entre Karollyne e Fernando para esclarecer contradições, o que foi deferido pelo juiz. “O vizinho disse que não conversou com o réu e própria noiva dele acabou de dizer que o vizinho conversou com o réu, que falou que se tratava de um policial, e isso é uma contradição substancial”. Segundo Welton, Fernando falou com Agnaldo antes de o homicídio ocorrer.
Pelo Ministério Público, atua o promotor José Antônio Carlos Malta Marques.
Audiência pode não terminar hojeO juiz Geraldo Amorim ressaltou que está fazendo o possível para garantir a celeridade do processo. “São muitas testemunhas e como eu não posso cercear as partes de perguntarem eu tenho que deixar os depoimentos fluírem. Pretendo que termine hoje, mas não sei se teremos condições. Por isso já pedi às partes que fossem objetivas”, explicou.
A audiência foi iniciada em 27 de janeiro, quando foram ouvidas as testemunhas indicadas pelo Ministério Público de Alagoas. Estão sendo ouvidas as testemunhas arroladas pela assistência de acusação e a defesa. Em alguns casos, por ambas as partes.