12/12/2022 14:53:21
Justiça
MP propõe ação para solucionar irregularidades em escola em aldeia de Traipu
As aulas são realizadas de forma precária em uma casa que foi cedida por um dos moradores
AssessoriaMP/AL propõe ação para solucionar irregularidades em escola em aldeia localizada em Traipu
Assessoria - MPE/AL

Com o objetivo de garantir o direito à educação, o Ministério Público de Alagoas (MP/AL) decidiu propor ação civil pública contra o Estado de Alagoas por conta de problema constatado na Aldeia Indígena Aconã, em Traipu. Em visita realizada pelo projeto “Sede de Aprender”, verificou-se que o prédio onde deveria funcionar unidade de ensino não existe de fato.

Como consta na ação, o fato foi verificado durante visita realizada à Aldeia no dia 13 de setembro de 2022. As aulas são realizadas de forma precária em uma casa que foi cedida por um dos moradores. O local não tem as condições estruturais para atender às necessidades dos alunos de forma digna. O documento aponta ainda que uma parte das aulas é realizada em uma área aberta, que fica na própria aldeia.

Durante a visita, os promotores de Justiça observaram que não há local apropriado para o armazenamento dos alimentos utilizados na merenda escolar e os computadores a serem utilizados pelos alunos estão defasados. Sobre a qualidade da água, eles relatam que a caixa d’água que atende a aldeia não passou por processo de limpeza, pelo que as crianças e adolescentes não tem água potável.

Segundo o promotor de Justiça Lucas Mascarenhas, “é inaceitável que tenhamos crianças recebendo computadores e outros equipamentos para uma escola que não fora construída, enquanto elas permanecem estudando sob uma árvore ou a céu aberto. Os equipamentos escolares devem atender a requisitos mínimos de construção e tal é inerente a um processo de ensino aprendizagem eficiente”.

Conforme informado pelos próprios próprios moradores da comunidade, existem duas plantas relacionadas ao projeto para a construção da unidade escolar, o que ainda não foi colocado em prática. Por fim, destaca-se a realização de reuniões anteriores, pelos membros da comunidade, com o Governo de Alagoas sobre a necessidade de instalação de uma escola na aldeia. Porém, não houve êxito nas negociações.

Medidas

Com base nessa situação, o Ministério Público pede em caráter emergencial e antecipatório que o Estado seja obrigado a providenciar, em 15 dias, o fornecimento de água potável e energia no prédio onde a escola funciona atualmente até que seja concretizada a instalação da unidade de ensino em novo prédio.

O MP pede que o Estado seja obrigado a apresentar, em 30 dias, o procedimento licitatório e o cronograma referente à instalação da Escola Estadual Indígena Aconã. Além disso, o Ministério Público pede a comprovação de que as medidas estejam realmente sendo cumpridas, com a apresentação de fotografias, contratos, planos de obras, entre outros documentos. A ação civil pública estabelece o valor à causa de R$ 1 milhão, a ser pago pelo Estado.

O Promotor de Justiça Lucas Sachsida destaca que o Ministério Público de Alagoas vem realizando, através do projeto “Sede de Aprender”, um trabalho integrado na garantia do direito à educação, com foco na qualidade da água que é fornecida nas unidades de ensino. A iniciativa, que hoje tem reflexo em quase todo o país, conta com a atuação conjunta de outras entidades, como a Atricon, IRB e IMA.

“No caso em tela, após fiscalização da equipe, verificou-se que, não só a água não apresentava padrões mínimos de potabilidade, mas também que a própria escola, existente formalmente, não existia na realidade. O direito fundamental à educação não está sendo devidamente garantido à essas crianças pelo que vamos continuar firmes na busca de escolas dignas para todos”, pontuou.

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