Assessoria“Um crime político”, diz viúva de vereador executado em Anadia Todo SegundoDa Assessoria - T/ALO júri de três dos acusados de matar o vereador do Município de Anadia Luiz Ferreira de Souza teve início na manhã desta quinta-feira (16), conduzido pela 9ª Vara Criminal de Maceió, no Fórum do Barro Duro. A viúva, Rita Luiza de Pércia Namé, reiterou que aponta a então prefeita de Anadia, Sânia Tereza Palmeira Barros, como mandante do crime.
“Um crime político. Não tenho dúvidas disso. Eu não tive na hora que recebi a notícia. Eu aponto a ex-prefeita da cidade e o marido”, afirmou Rita. Segundo a viúva, pessoas ligadas à prefeita iam a sua casa para convencer o vereador a aprovar o orçamento do Município, e Luiz Ferreira foi morto “por não compactuar com as falcatruas de uma Prefeitura totalmente dominada por bandidos”.
Indagada, ela também falou sobre a falta que o esposo faz no dia-a-dia da família. “A mim, retiraram o chão. Eu só estou viva, e meus filhos, pelo grande amor que tenho por ele. Anadia e Alagoas sabem quem era o meu marido. Era considerado o anjo da guarda do pronto-socorro. Meus filhos perderam o pai da noite para o dia. Eles estavam todos na faculdade. Espero que a justiça pode ser feita. Porque a injustiça já foi feita, que foi a morte dele”.
Entre declarantes e testemunhas, está prevista a oitiva de nove pessoas durante o júri. Sete indicadas pela acusação e duas pelo acusado Alessander Ferreira Leal, identificado como marido da prefeita, na época. Os três réus também serão interrogados: Alessander, Everton Santos de Almeida e Tiago dos Santos Campos.
O juiz Geraldo Amorim, titular da 9ª Vara, afirmou que o júri pode se estender pela noite. “Vai ser um júri trabalhoso em decorrência da quantidade de testemunhas”, disse. Após os depoimentos, terão início os debates entre acusação e defesa. Há a possibilidade de o julgamento ser suspenso, e retomado na sexta-feira.
Por ter foro por prerrogativa de função, a prefeita Sânia Tereza aguarda, em prisão domicilar, o julgamento pelo Pleno do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ/AL). Outros dois acusados, Adailton Ferreira e Wallemberg Torres da Silva, recorreram da decisão que determinou o júri, e esperam julgamento do recurso pelo TJ.
AcusaçãoO promotor Paulo Barbosa Filho, do Ministério Público de Alagoas, ressaltou que as investigações revelaram que todos os acusados mantiveram contato telefônico constante. “O réu Alessander era o coordenador, que recebia ordens diretamente da prefeita. Todos os passos da quadrilha eram diretamente comunicados à mandante. Do dia 30 de agosto a 2 de setembro, existiam 33 ligações de celular dele (Alessander) para o da ex-prefeita”.
Barbosa afirma que o vereador tinha a postura muito ativa, e “batia de frente” contra as irregularidades da prefeita. “O Ministério Público considera que foi queima de arquivo. O motivo foi ocultar as informações que vítima sabia a respeito das fraudes realizadas pela Prefeitura de Anadia. Foi um trabalho muito bem arquitetado, mas não existe crime perfeito”, argumentou.
A acusação é assistida pelo advogado Cláudio Vieira, contratado pela família.
DefesaA defesa do réu Alessander Leal é feita pelo advogado Raimundo Palmeira. Ele sustenta que Luiz Ferreira era aliado político de Sânia, não havendo motivo para o crime. “A defesa no curso (do processo) provou que ele era o candidato dela. Inclusive ela diz isso na imprensa”, ressaltou.
De acordo com o advogado, a acusação já mudou de tese sobre a motivação do assassinato por duas vezes. “Hoje a acusação vem com uma terceira tese, uma tese estranha aos autos, porque todas as [outras] caíram. Vem dizer que a morte foi por suposto desvio de R$ 7 milhões em combustível. Sânia até hoje não tem condenação por desvio nenhum. Dr. Luiz era um homem de bem e não iria ver um desvio desse e ficar calado”, defende Raimundo Palmeira.