
O Ministério do Planejamento e Orçamento confirmou, nesta quarta-feira (10), que o salário mínimo será reajustado para R$ 1.621 a partir de janeiro de 2026, um aumento de R$ 103 em relação aos atuais R$ 1.518. O novo valor começa a ser pago nos contracheques de fevereiro.
O reajuste totaliza 6,79%, resultado da soma da inflação acumulada pelo INPC até novembro (4,18%) e do crescimento real do PIB de 2024, limitado a 2,5% conforme estabelece a lei do arcabouço fiscal. Embora o PIB tenha avançado 3,4% no ano passado, a regra impede que o aumento real ultrapasse 2,5%.
Desde dezembro de 2023, o governo segue uma política permanente de valorização do salário mínimo que combina inflação e crescimento econômico. A fórmula prevê:
Com isso, o governo apresentou um reajuste que mantém a recomposição inflacionária e concede ganho real dentro do teto autorizado.
Segundo nota técnica do Dieese, publicada no início do ano, o salário mínimo é referência direta para 59,9 milhões de pessoas em todo o país. O valor influencia não apenas trabalhadores com remuneração mínima, mas também aposentadorias, pensões, o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e outras políticas sociais.
O impacto é ainda maior porque o mínimo funciona como piso de renda para camadas mais vulneráveis e movimenta a economia, elevando o poder de compra e, consequentemente, o consumo interno.
O aumento, porém, traz efeitos significativos para o orçamento federal. As despesas obrigatórias que acompanham o salário mínimo — como benefícios previdenciários, seguro-desemprego e abono salarial — ampliam-se automaticamente.
Cálculos do próprio governo apontam que cada R$ 1 de aumento no mínimo gera cerca de R$ 420 milhões em despesas. Assim, o reajuste de R$ 103 representa impacto estimado de R$ 43,2 bilhões em 2026.
Com o avanço dos gastos obrigatórios, sobra menos espaço no orçamento para investimentos e políticas públicas discricionárias, elevando a pressão sobre a gestão fiscal.
Diante do aumento das despesas, parte dos economistas defende que o governo reveja regras de vinculação do salário mínimo a benefícios previdenciários, retomando o modelo que vigorou no governo anterior, quando o piso era corrigido apenas pela inflação.
A discussão, no entanto, enfrenta resistência de centrais sindicais e setores sociais, que consideram a política atual essencial para manter renda, reduzir desigualdades e fortalecer o mercado interno.

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