Pela primeira vez, o Banco Central admitiu que a inflação vai estourar o teto da meta em 2015. De acordo com o RTI (Relatório Trimestral de Inflação), divulgado nesta quinta-feira (26), o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) deve encerrar o ano em 7,9% no cenário de referência — que considera juros e câmbio constantes — e em 7,9%, no cenário de mercado.
As projeções anteriores eram de uma alta de 6,1% no cenário de referência e de 6,0% no de mercado.
Se esta estimativa se concretizar, o presidente do BC, Alexandre Tombini, terá de enviar uma carta aberta ao ministro da Fazenda, justificando os motivos que levaram ao descumprimento da meta de 4,5%, com 2 pontos porcentuais de tolerância para cima e para baixo, e revelando o que pretende fazer para levar os preços de volta ao controle.
Esta semana, durante audiência pública no Senado, Tombini enfatizou que, apesar das críticas, nunca precisou confeccionar o documento.
— Se tiver de escrever no futuro, o futuro dirá.
A última vez que a carta aberta foi escrita foi em 2004. O discurso do BC era de que a alta dos preços — decorrente principalmente de realinhamentos dos administrados em relação aos livres e dos internos com os externos — deveria ficar circunscrita ao primeiro trimestre deste ano.
Segundo o RTI, no cenário de referência, o IPCA acumulado em 12 meses deve ter alta de 8,1% até o primeiro trimestre (6,4% era a projeção anterior); de 8,0% até o segundo trimestre (de 6,1% antes) e de 8,2% até o terceiro trimestre (6,1% antes).
Já no cenário de mercado, as previsões que constam no RTI para a inflação acumulada em 12 meses subiu de 6,4% para 8,1% até o primeiro trimestre; de 6,2% para 8,0% até o segundo e de 6,1% para 8,1 até o terceiro.
Do Estadão
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