Em Alagoas, o número de beneficiários do Bolsa Família ainda supera o total de trabalhadores com carteira assinada, revelando a força do programa de transferência de renda em um estado historicamente marcado pela pobreza e pela informalidade.
De acordo com levantamento do portal UOL, com base em dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de maio de 2025, Alagoas soma 533.449 famílias atendidas pelo programa social, ante 454.659 vínculos formais de emprego.
Esse cenário, que se repete em outros 11 estados — todos no Norte e no Nordeste do país —, evidencia o peso do Bolsa Família no sustento de milhões de lares, mas também sinaliza uma reversão gradual dessa realidade.
Desde janeiro de 2023, o número de empregos formais no estado tem crescido a uma taxa superior ao de famílias beneficiárias. Antes da pandemia de covid-19, apenas oito estados registravam mais beneficiários que trabalhadores formais. Com o impacto econômico da crise sanitária e a ampliação emergencial dos programas sociais, esse número subiu para 13 em 2022. Hoje, caiu para 12.
Ainda assim, a disparidade em Alagoas permanece significativa. O estado integra o grupo de maiores dependências do Bolsa Família, ao lado de Maranhão, Pará, Amazonas e Piauí. No Maranhão, por exemplo, a relação é ainda mais desafiadora: 1,2 milhão de famílias recebem o benefício, contra apenas 669 mil trabalhadores formais. Já em Santa Catarina, a realidade é inversa — para cada beneficiário, há 11 trabalhadores com carteira assinada.
No Brasil, a relação entre beneficiários e trabalhadores formais recuou de 49,6% em janeiro de 2023 para 42,6% em agosto de 2024, segundo os dados mais recentes. Esse movimento decorre da combinação de crescimento econômico, expansão do emprego formal e redução do número de beneficiários do Bolsa Família, que foi reestruturado após o término do Auxílio Brasil e voltou ao formato anterior, com valores reajustados.
A expectativa do governo federal é que o cenário continue melhorando com investimentos em obras de infraestrutura, programas de capacitação e incentivo à formalização do emprego, especialmente no Nordeste. Enquanto isso, para milhares de famílias alagoanas, o Bolsa Família permanece como principal fonte de sustento — e como termômetro da desigualdade social que ainda desafia o estado.
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