16/05/2025 17:04:51
Alagoas
Alagoas tem a segunda maior taxa de subutilização do trabalho no país
Estado tem uma das piores taxas de subutilização do país e alto número de pessoas que desistiram de procurar emprego
ReproduçãoAlagoas registra segunda maior taxa de subutilização da força de trabalho no Brasil
Todo Segundo

Alagoas registrou, no primeiro trimestre de 2025, a segunda maior taxa de subutilização da força de trabalho do país, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (16), pela PNAD Contínua do IBGE. O índice atingiu 27,5%, ficando atrás apenas do Piauí (34%) e empatado com a Bahia.

A taxa considera não apenas os desempregados, mas também os subocupados — trabalhadores que atuam por menos horas do que gostariam — e as pessoas na força de trabalho potencial, aquelas que desejam trabalhar, mas que por diferentes razões não buscaram uma vaga no período de referência.

O dado reforça as dificuldades enfrentadas pela região Nordeste, que concentra os maiores índices de subutilização no país, refletindo um mercado de trabalho mais frágil e desigual em comparação às demais regiões brasileiras.

Desalento segue alto

Um dos destaques negativos para Alagoas é o elevado número de trabalhadores desalentados — pessoas que desistiram de procurar emprego por desânimo ou por não acreditarem que encontrarão uma oportunidade. No estado, o desalento atinge 9,8% da população na força de trabalho ampliada, uma das maiores proporções do país.

O índice revela não apenas a escassez de vagas, mas também a falta de perspectiva entre os trabalhadores. É um retrato da frustração generalizada e da baixa eficácia das políticas públicas voltadas à geração de emprego e inclusão produtiva.

Informalidade e baixa renda

Apesar de o IBGE não detalhar a informalidade por estado no relatório divulgado, Alagoas segue a tendência da Região Nordeste, onde a taxa de informalidade atinge 38%. Isso significa que uma parcela significativa da população ocupada trabalha sem carteira assinada, sem proteção trabalhista e, geralmente, com rendimentos mais baixos.

O rendimento médio real na região Nordeste foi de R$ 2.383 — o menor entre todas as regiões do país. Em Alagoas, o trabalho informal muitas vezes é a única alternativa de sustento para milhares de famílias.

Mulheres, jovens e pessoas com baixa escolaridade são os mais afetados

A desigualdade no mercado de trabalho também tem recortes marcantes. Mulheres enfrentam mais dificuldades para conseguir emprego: a taxa de desocupação feminina no país foi de 8,7%, contra 5,7% entre os homens. Jovens e pessoas com menor escolaridade também estão entre os mais prejudicados.

Entre os brasileiros com ensino médio incompleto, por exemplo, a taxa de desocupação é quase três vezes maior do que entre aqueles com ensino superior completo (3,9%). Esses dados ajudam a explicar por que a força de trabalho em Alagoas é tão subutilizada: há uma concentração de trabalhadores nos grupos sociais mais vulneráveis, com menos acesso à educação e qualificação.

Problema estrutural

Mais do que um reflexo do momento econômico, os dados do IBGE revelam um problema estrutural em Alagoas: a fragilidade do mercado de trabalho. A escassez de empregos formais, aliada à baixa qualificação profissional e à concentração de investimentos em regiões mais desenvolvidas do país, dificulta a inserção de milhares de trabalhadores no mercado.

Superar esse cenário exige ações de longo prazo, com foco na educação, formação técnica, atração de investimentos e fortalecimento da economia local. Também é necessário ampliar o acesso às políticas de apoio ao trabalhador, especialmente para os mais vulneráveis.

Enquanto isso não acontece, o estado continua convivendo com altos índices de subutilização da força de trabalho — um retrato da desigualdade social e do desafio que ainda separa Alagoas de um mercado de trabalho mais justo e inclusivo.

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