Enquanto os números da inadimplência crescem em todo o país, Alagoas desponta com um dado preocupante: 40,3% das empresas do estado estavam negativadas em março, segundo levantamento da Serasa Experian divulgado nesta sexta-feira (16). Trata-se da segunda maior taxa do Brasil, atrás apenas do Distrito Federal (40,9%), e a mais alta de todo o Nordeste.
O dado se insere em um cenário nacional igualmente alarmante: 7,3 milhões de empresas brasileiras estavam inadimplentes no mês de março, o maior número já registrado pela Serasa desde o início da série histórica. O valor total das dívidas também atingiu um recorde — R$ 169,8 bilhões, aumento de mais de R$ 5 bilhões em relação a fevereiro.
Juros altos e falta de crédito: uma combinação letal
De acordo com a economista da Serasa, Camila Abdelmalack, o avanço da inadimplência é consequência direta de um ambiente financeiro ainda hostil. “O cenário de inadimplência recorde entre as empresas reflete os efeitos prolongados de juros elevados, além das dificuldades de acesso ao crédito, especialmente para os pequenos negócios”, explica.
E são justamente os pequenos negócios que sofrem o maior impacto. Em todo o país, micro e pequenas empresas representaram 6,9 milhões dos inadimplentes, somando mais de 48 milhões de dívidas, que chegam a R$ 146,2 bilhões. Esse perfil de empresa predomina também em Alagoas, onde a base produtiva depende, em grande parte, do comércio local, da prestação de serviços e de pequenos empreendimentos familiares.
Empresariado encurralado
Sem capital de giro suficiente, com margens reduzidas e pouco acesso a crédito, muitos empreendedores têm recorrido a alternativas informais para manter o funcionamento básico de suas atividades. Em Alagoas, a situação é agravada pela menor presença de grandes polos industriais e pela concentração da economia em setores de menor valor agregado.
O contraste com estados como Santa Catarina (24,5%), Espírito Santo (24,8%) e até o vizinho Piauí (25%) mostra como a inadimplência empresarial em Alagoas não é apenas reflexo de um problema nacional, mas também de fragilidades regionais históricas.
Um problema que ameaça o futuro
Para especialistas, os dados da Serasa não são apenas estatísticas: são um retrato das dificuldades enfrentadas diariamente por empresários alagoanos. E, se não houver medidas eficazes para conter a escalada da inadimplência, o risco é que milhares de negócios fechem as portas — afetando não só os donos, mas também funcionários, fornecedores e comunidades inteiras.
Iniciativas de apoio financeiro, renegociação de dívidas e capacitação em gestão financeira são apontadas como urgentes para evitar um colapso ainda maior.
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