
Uma realidade silenciosa e ainda presente nos lares alagoanos volta a acender o alerta das autoridades e da sociedade civil. Pesquisa nacional realizada em 2025 pelo Instituto DataSenado, com 21.641 mulheres brasileiras, revela que cerca de 71% dos episódios de violência contra a mulher são presenciados por terceiros, entre crianças e adultos. O dado mais preocupante é que 40% das testemunhas adultas não tomam nenhuma atitude no momento da agressão, contribuindo para a perpetuação do ciclo de violência.
Em Alagoas, os números confirmam a gravidade do cenário. De acordo com o Painel de Dados do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), o estado já soma 4.531 casos de violações contra mulheres em 2025, considerando ocorrências como maus-tratos, exploração sexual e tráfico de pessoas. Os dados são atualizados até esta terça-feira, 30 de dezembro de 2025.
Apesar da expressiva quantidade de registros, o levantamento aponta uma redução de 35,73% em relação a 2024, quando Alagoas contabilizou 7.050 casos. Ainda assim, o número de denúncias formalizadas segue baixo: apenas 577 protocolos de denúncia foram efetivados neste ano, o que evidencia a dificuldade das vítimas — e também das testemunhas — em buscar ajuda institucional.
Denunciar salva vidas, alerta especialista
Para a professora do curso de Direito da Faculdade Anhanguera, Christine Keler, denunciar a violência é um passo decisivo para romper o ciclo de agressões e garantir proteção às vítimas. Segundo ela, a denúncia pode resultar em intervenção imediata das autoridades, aplicação de medidas protetivas, responsabilização dos agressores e prevenção de novos casos.
“Denunciar casos de violência provoca uma série de eventos positivos que beneficiam não apenas a vítima, mas a sociedade como um todo. Ao denunciar, a mulher pode ter acesso imediato a medidas de proteção, como ordens de restrição, além de abrigos seguros e apoio especializado”, ressalta.
A especialista destaca ainda que a formalização das denúncias ajuda a combater estigmas e mitos relacionados à violência doméstica e de gênero, além de gerar uma inquietação social capaz de impulsionar mudanças nas políticas públicas e na legislação.
“A denúncia pública incentiva a sociedade a tratar a violência com a seriedade necessária. Trazer esse debate à tona, especialmente em períodos simbólicos como o Mês da Mulher, tem um papel social fundamental para enfrentarmos esse problema enquanto coletividade”, completa.
Violência como violação de direitos humanos
Christine Keler reforça que a violência contra a mulher é reconhecida, conforme o Manual da Política Nacional de Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres, como uma das principais formas de violação de direitos humanos, atingindo diretamente o direito à vida, à saúde e à integridade física e psicológica.
Além disso, a denúncia garante acesso a uma rede de apoio essencial para a recuperação das vítimas, incluindo assistência jurídica, acolhimento, aconselhamento psicológico e serviços de saúde mental.
Como pedir ajuda em Alagoas
A especialista também orienta sobre formas seguras de buscar socorro, especialmente em situações de risco iminente:
Mesmo com a redução nos números gerais, os dados de 2025 reforçam que a violência contra a mulher continua sendo um desafio estrutural em Alagoas. Especialistas alertam que romper o silêncio — seja como vítima ou testemunha — é fundamental para salvar vidas e transformar essa realidade.

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