Mais de um mês após o início da campanha de vacinação contra a gripe, Alagoas registra uma das piores coberturas vacinais do país. Dados atualizados até esta segunda-feira (02), indicam que apenas 36,3% do público-alvo foi imunizado, índice que coloca o estado entre os três com menor adesão no Brasil — ficando à frente apenas de Mato Grosso e Sergipe.
A meta estipulada pelo Ministério da Saúde era vacinar pelo menos 90% dos grupos prioritários, que incluem crianças de seis meses a menores de seis anos, gestantes, puérperas, idosos, profissionais de saúde e outros grupos vulneráveis. O prazo para a vacinação desse público terminou em 20 de maio, mas a campanha foi ampliada para toda a população a partir de seis meses de idade. Mesmo com a ampliação, a procura pela vacina permanece abaixo do esperado.
Especialistas em saúde pública alertam que a baixa cobertura vacinal expõe a população a maiores riscos de internações e complicações graves provocadas pelo vírus influenza, principalmente em um momento de aumento dos casos de síndromes respiratórias no estado. A gripe pode evoluir para quadros graves, como pneumonia, além de agravar condições crônicas, como diabetes e hipertensão.
A Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas (Sesau) reforça que a vacinação é fundamental para reduzir a transmissão do vírus, protegendo quem recebe a dose e também quem convive com essas pessoas. Para tentar reverter o cenário, o órgão tem adotado estratégias como campanhas educativas, ampliação dos horários de vacinação e parcerias com escolas e empresas.
Ao Portal Todo Segundo, a enfermeira Rafaela Siqueira, coordenadora estadual do Programa Nacional de Imunizações (PNI), explicou os desafios enfrentados na campanha deste ano.
“Desde 2025, a vacinação contra a gripe deixou de ser tratada como uma campanha isolada e passou a ser ofertada de forma contínua até janeiro de 2026. Para crianças menores de seis anos, gestantes e idosos, a vacina influenza foi incorporada à rotina de vacinação. Também estabelecemos grupos especiais para imunização e, posteriormente, o Ministério da Saúde autorizou a vacinação para toda a população a partir de seis meses de idade. O grande desafio tem sido a adesão dos grupos prioritários, como crianças, gestantes e idosos. Por isso, intensificamos ações extramuros, como vacinação em escolas e em locais de grande circulação”, destacou Rafaela.
Questionada sobre o motivo pelo qual a meta de 90% não foi atingida, Rafaela explicou que, conforme dados do painel LocalizaSUS atualizados nesta segunda-feira (2), a cobertura vacinal em Alagoas é de 36,3%. Embora esse índice esteja muito abaixo do objetivo estabelecido, ele permanece ligeiramente superior à média nacional, que é de 34,9%.
“Apesar das estratégias implementadas pelos municípios, a baixa procura nos postos de saúde tem sido um obstáculo. Por isso, estamos intensificando ações como vacinação em escolas, casa a casa e em locais de grande fluxo do público prioritário. Até o momento, não houve problemas de logística ou desabastecimento de vacinas”, acrescentou.
Impactos
Segundo Rafaela, a baixa cobertura aumenta o risco de surtos de gripe, especialmente no período sazonal do vírus. “Durante este período, surtos podem ocorrer, mas o objetivo principal da vacinação é evitar que os grupos mais vulneráveis desenvolvam complicações graves ou venham a óbito. Monitoramos constantemente, por meio da Vigilância Universal da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), os vírus em circulação e o perfil de agravamento da população”, explicou.
Ela ressaltou que, embora o vírus influenza possa infectar pessoas de todas as idades, certos grupos são mais suscetíveis a complicações graves. “Gestantes, puérperas, idosos, crianças menores de seis anos e indivíduos com comorbidades — como obesidade mórbida, diabetes e problemas cardiorrespiratórios — precisam ser prioridade na vacinação”, afirmou.
Outros vírus respiratórios
Outro ponto de atenção são as coinfecções com outros vírus respiratórios, como covid-19 e bronquiolite, que podem agravar o quadro clínico dos pacientes. “Por meio da vigilância universal da SRAG e da vigilância sentinela da síndrome gripal, conseguimos identificar os vírus que estão circulando em Alagoas e quais estão levando a maior gravidade e óbitos. Até o momento, a vacinação segue sem problemas de abastecimento e está disponível para todas as faixas etárias”, finalizou Rafaela.
Vacina gratuita
A Sesau reforça que a vacina contra a gripe está disponível gratuitamente em todos os postos de saúde dos municípios de Alagoas. A dose é segura e protege contra as principais cepas do vírus influenza em circulação em 2025. A orientação é para que toda a população a partir dos seis meses de idade procure a unidade de saúde mais próxima e se vacine, contribuindo para reduzir complicações, internações e mortes relacionadas à gripe.
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