O silêncio de uma sala fria no Instituto Médico Legal (IML) de Arapiraca carrega agora o nome de José Cícero dos Santos, 35 anos. Identificado oficialmente nesta sexta-feira (23), ele havia sido encontrado morto no último domingo (18), em uma rua da cidade. Desde então, o corpo aguarda por alguém que o reconheça, que diga: “esse era o meu irmão, meu filho, meu amigo.”
Natural de Coruripe, no Litoral Sul de Alagoas, José Cícero nasceu em 15 de abril de 1990. Era filho de Maria Cícera dos Santos e viveu seus últimos dias nas ruas do povoado Lagoa do Pau, onde era conhecido por vizinhos que, embora acostumados com sua presença, agora se perguntam como foi que ele partiu.
A confirmação da identidade foi feita por exame necropapiloscópico, procedimento técnico que analisa as impressões digitais mesmo após a morte. O trabalho foi conduzido pelo papiloscopista Deyvisson Ferreira, do Instituto de Identificação de Alagoas.
Segundo a Polícia Científica do Estado, os familiares têm até 30 dias para comparecer ao IML e solicitar a liberação do corpo. Caso não haja manifestação nesse período, José Cícero será enterrado como tantos outros que se vão sem que ninguém venha buscar – como indigente, apesar de ter um nome, uma história, e certamente, alguém que um dia o amou.
O apelo agora é pela memória e pelo resgate da dignidade. A equipe do IML reforça que qualquer pessoa que tenha informações sobre familiares de José Cícero pode procurar a unidade de Arapiraca ou entrar em contato com a Polícia Científica.
Enquanto isso, o corpo repousa à espera de um desfecho mais humano. Porque, mesmo nos momentos mais duros, ainda é possível devolver a alguém o direito ao adeus.
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